domingo, 4 de dezembro de 2011

Cordel - Releitura de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

Memórias Póstumas de Brás Cubas


Com a pena da galhofa
Tenda da melancolia
Vou contar depois de morto
Como eu vivi um dia
Cumprindo uma obrigação
Que para o mundo eu vivia


Para não ser trivial
Como fui quando eu vivi
E por ser memórias  póstumas de Brás Cubas
Estou aqui
Trata-se da minha história 
Feita depois que morri


Morte que aconteceu
Num dia de sexta-feira
Às duas horas da tarde
Foi a minha derradeira
Na chácara de Catumbi
Onde vivi a vida inteira


Era o século dezenove
Agosto era o mês
O ano sessenta e nove
Idade sessenta e três
Com mais um dia onde estou
Escrevo isso a vocês


Separar-me da Marcela
Foi meu grande cataclismo
Fui fraco por não lutar
E por hora ainda cismo
Foi na Europa que assisti
O fim do Romantismo


Daí não levei a sério
Aquela universidade
Um aluno sem ciência
Cheio de mediocridade
O diploma para mim
Era a carta de liberdade


Isso quando me chegou
De meu pai uma notícia
Se não vieres depressa
Não acharás tua mãe viva
Quando ela lembra o reumatismo
Tem doença digestiva


Quanto à notícia, parti
Feito uma bala ligeiro
Pra poder ver minha mãe
Que me amou o tempo inteiro
A fim de achá-la ainda viva
Lá no Rio de Janeiro


Após oito ou nove anos
Cheguei e achei-a deitada
Aquela que quando fui viajar
Deixei sarada
E agora em uma cama
Bastante debilitada


Conheci uma moça muito ingênua
Cujo nome era Eugênia
Infelizmente era coxa de nascença
Isso muito me intriga:
Se bonita, por que coxa?
Se coxa, por que bonita?


Uma noiva arranjada
Pela minha família
Foi esse o meu caso
Com a querida Virgília
Pena que não era milionário
Foi por esse fato que fui trocado
Pelo Lobo Neves que era deputado


Seja de trezentos contos
Era a sobra do dinheiro
Deixada não sei para quem 
Porque morri solteiro
Apesar das aventuras... ufffa!
Não deixei nenhum herdeiro.


(Andreza e Juliane, 2ºA2)

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